Hoje já não é só por causa de problemas externos que somos levados a sentir vergonha.
Há quase três décadas atrás, uma banda de rock popular chamada "Camisa de Vênus", conhecida na mídia e que se apresentava frequentemente em diversas emissoras de TV, lançou um disco do qual fazia parte uma música com um título, no mínimo, atrevido: "O Adventista".
Nesta música eles não falavam da igreja em si, mas falavam o tempo todo em "eu acredito" nisto ou naquilo, debochando da "crença" das pessoas. Obviamente, se o título da música é "O Adventista", mesmo não sendo citados na letra da mesma, somos os principais "crentes" dos quais se poderia debochar.
Vejam algumas das frases contidas na letra da música:
Eu acredito no bem e no mal
Eu acredito no imposto predial
Eu acredito, eu acredito
Eu acredito nos livros da estante
Eu acredito em Flávio Cavalcante
Eu acredito, eu acredito
Não vai haver amor neste mundo nunca mais
E a música prossegue com frases como:
Eu acredito no seu ponto de vista...
Eu acredito em toda essa cascata...
Eu acredito em quem anda com fé...
Eu acredito que o amor atrai
Eu acredito em mamãe e papai...
Eu acredito no Cristo que padece...
Eu acredito no milagre que não vem
Eu acredito nos homens de bem...
Eu acredito nas boas intenções
Mais este papo já encheu os meus ... (aqui eles usam uma palavra de baixo calão) Eu não acredito, eu não acredito
Não Nas apresentações mais recentes eles pioraram uma das frases mais repetidas na música: em vez de dizer "não vai haver amor neste mundo nunca mais" trocaram a palavra "mundo" por um palavrão que é gritado em coro pela audiência.
O pior é que na época em que estava completando cerca de 25 anos que a citada banda lançou na mídia essa afronta em forma de música, surgiu um outro motivo de escândalo; desta vez porque alguém do nosso meio envolveu-se em apresentações e deu entrevistas na mídia secular fazendo comentários que comprometeram aquilo em que acreditamos e criando uma outra situação de escândalo. Isso fez com que várias mensagens circulassem por sites e redes sociais tentando manifestar desaprovação em relação àquela situação. Numa daquelas mensagens encontramos a seguinte reflexão:
"Há 25 anos atrás, quando a citada banda lançou essa música, o deboche vinha de fora; mas, agora já não podemos dizer que é só por causas externas que acabamos passando vergonha. Muitos acharão irônico o fato de que logo no começo da música eles cantem 'eu acredito no bem e no mal' e que a palavra amor seja repetida diversas vezes ao longo da música.
"Hoje, já não precisamos de uma banda dessas, de fora do nosso meio, para nos fazer passar vergonha. Já temos nossos próprios cantores que são capazes de gritar a plenos pulmões enquanto cantam, que usam acompanhamento ruidoso o bastante para lembrar grupos assim e que são quase que tão aplaudidos quanto eles. Mas, será favorável o relatório escrito pelos anjos sobre quem canta e quem aplaude?
"Quantos de nós já vimos cenas bizarras em lugares que deveriam ser um pouquinho mais 'santos'? Quantos de nós já passamos vergonha diante de visitantes que saíram com dor de ouvido e desapontados, pois esperavam ver algo diferente do que eles já têm? Será que ainda falta muito para nos igualarmos ao resto do mundo?
"'É unicamente por causa do espírito de transigência com o pecado, por serem as grandes verdades da Palavra de DEUS tão indiferentemente consideradas, por haver tão pouca piedade vital na igreja, que o cristianismo, é aparentemente tão popular no mundo. Haja um reavivamento da fé e poder da igreja primitiva, e o espírito de opressão reviverá, reacendendo-se as fogueiras da perseguição.' - O Grande Conflito pág. 48.
"'Perguntei a significação da sacudidura que eu vira, e foi-me mostrado que era determinada pelo testemunho direto contido no conselho da Testemunha verdadeira à igreja de Laodicéia. Isto produzirá efeito no coração daquele que o receber, e o levará a empunhar o estandarte e propagar a verdade direta. Alguns não suportarão esse testemunho direto. Levantar-se-ão contra ele, e isto é o que determinará a sacudidura entre o povo de DEUS'. Primeiros Escritos, pág.270.
"Irmãos, até quando alguns seres humanos vão imaginar que têm o direito de determinar o que DEUS pode ou não ouvir e apreciar? Até quando Ele terá que ficar quieto em Sua própria casa, por não haver filhos que o respeitem o bastante para defenderem a Sua honra? Até quando?..."
As pessoas que têm acompanhado nossas pregações em nossas igrejas por todo o Brasil durante os últimos 30 anos sabem que nunca citamos o nome deste ou daquele cantor, cantora ou grupo musical da igreja para dar ênfase ao "chamar o pecado pelo nome". Pessoalmente, consideramos que, estando no púlpito, devemos chamar o "pecado", e não o "pecador" pelo nome. O pecador que hoje tropeça pode ser o mesmo que amanhã salve muitas almas; rotulando quem cai fazemos uma obra que DEUS não nos chamou a fazer. Por outro lado, uma pessoa pode hoje estar pregando verdades maravilhosas e amanhã tornar-se um dissidente da igreja.
O pecado deve ser chamado pelo nome, mas o pecador precisa ser salvo. Pedro negou a JESUS e, depois de arrependido e perdoado, tornou-se um dos principais líderes da igreja. Judas era o mais culto e respeitado dos discípulos, mas foi o único que se perdeu, tendo se tornado o traidor do SENHOR. Depois de ter se arrependido de seus graves pecados Davi foi chamado "um homem segundo o coração de DEUS". Contudo, DEUS nunca lhe "passou a mão na cabeça", fazendo de conta que seu pecado não era grave. Ele foi severamente repreendido e punido. Aqui está um desafio importante: Salvar o pecador, mas nunca tolerar o pecado.
O pecado ainda tem que ser chamado pelo nome. Não podemos fazer de conta que nada de ruim aconteceu. Mesmo não dando "nomes aos bois" todas as pessoas que sabem dos fatos ocorridos entendem o significado da lição e os que não sabem compreenderão também que estamos tratando de algo que não deve ser feito, mesmo não sabendo que alguém o fez.
Isto não significa que o pecador não deva ser repreendido. Mas, não fomos chamados para, cada um de nós, consertarmos o mundo todo. Quando algo ruim ocorre perto de nós ou em nossa esfera de atuação, temos a obrigação diante de DEUS de chamar essa pessoa "entre ti e ele só" (Mateus 18:15 - ensino do próprio SENHOR JESUS) e repreendê-lo. "Se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano" (Mateus 18:16,17). Isto poucos têm coragem de fazer; é mais fácil se manifestar falando pelas costas, sem ter coragem de olhar a pessoa nos olhos e orar com ela antes de seguir todos os procedimentos recomendados.
Devemos, estando pessoalmente longe e não ligados às pessoas envolvidas, orar para que os nossos líderes que esteja envolvidos ou próximos das pessoas que caíram em erro tenham a coragem moral de cumprir com sua obrigação. Caso não o façam, deveriam eles se lembrar de que DEUS disse: "Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue, da tua mão o requererei". Ezequiel 3:18.
Pessoas em posição de responsabilidade que estejam perto de algum caso que exija repreensão devem ainda lembrar-se de que DEUS não gosta de ouvir qualquer dos seus líderes, seja da igreja local ou não, dizer: "Os tempos mudaram". A pena inspirada prossegue na análise do assunto dizendo: "Estas palavras fortaleceram-lhes a incredulidade, e dizem: O Senhor não fará bem nem mal. É demasiado misericordioso para visitar Seu povo em juízos. Assim, paz e segurança é o grito de pessoas que nunca mais erguerão a voz como trombeta para mostrar ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus pecados. Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança de um Deus ofendido". Testemunhos Para a Igreja Vol. 5, Pág. 211.
Deixando de lado o "pecador" (ou "pecadores", pois são problemas recorrentes) para as pessoas têm o direito e o dever de repreendê-lo (esperamos que o façam), consideremos qual é o "pecado" e saibamos o seu "nome".
O nome do pecado é mudanismo na música e na conduta com agravantes: causar escândalo, fazendo outras pessoas da igreja tropeçar, algo definido no Manual da Igreja como "procedimento desordenado que traga opróbrio sobre a igreja" e que, segundo o mesmo manual, é passível de disciplina; a sociedade da "luz com as trevas" (2 Coríntios 6:14), condenada pelo apóstolo Paulo; e um posicionamento virtualmente favorável ao ecumenismo (ainda que não se admita abertamente, na prática é isso o que aconteceu), algo totalmente contrário aos princípios da igreja.
Consideremos o seguinte: O Pr. Ted Wilson, presidente mundial da nossa igreja disse: "Estou preocupado com a avassaladora onda de mundanismo que está invadindo algumas de nossas igrejas. Padrões que uma vez foram valorizados pelos adventistas do sétimo dia nas áreas da alimentação, do vestuário, da recreação e da diversão, bem como na observância do sábado, estão se tornando coisas do passado. Quando os membros usam jóias como o mundo, vestem-se como o mundo, amam as formas de entretenimento do mundo, ouvem as músicas do mundo e apreciam as produções de Hollywood, a genuína espiritualidade definha e o diabo faz incursões na vida das pessoas."
Contrariando as palavras do nosso dirigente mundial, um dos nossos cantores disse algo que foi publicado em uma das revistas seculares de maior alcance em todo o país. A revista Veja, no artigo em questão, disse que esse cantor "foi criticado por alguns fiéis por ter incluído músicas de artistas não religiosos, como a banda inglesa Mumford & Sons, numa lista de canções preferidas. 'E vou continuar fazendo isso. Sou contrário a qualquer tipo de fundamentalismo'", respondeu ele. E não faltou oportunidade para os autores do artigo comentarem na revista: "O rock é parte do grande balaio de gatos batizado como música gospel". É preciso dizer mais alguma coisa? Fica a pergunta: Qual dos dois está buscando o mundanismo e qual dos dois busca o reavivamento e a reforma? O cantor ou o presidente mundial da igreja?
Diversos incidentes desse tipo têm sido longamente discutidos acaloradamente na internet, por ambos os lados; os prós e os contras. Se fossemos analisar cada detalhe dos fatos que recentemente nos envergonharam e sobre a conduta de muitos dos nossos cantores, este artigo seria excessivamente longo. Mas, a questão que fica aqui é: "Eu e minha casa serviremos ao SENHOR"?
Alguns perguntam: "por que os nossos líderes não se manifestam contra isso"? Existem duas questões que precisam ser lembradas:
Primeiro: não é preciso "tocar trombeta" para anunciar repreensões que devem ser dadas em particular, até que tudo passe pelos devidos trâmites e, se necessário, um pronunciamento formal seja feito.
Segundo: as autoridades da igreja têm, sim, se manifestado, assim como o Pastor Ted Wilson, que combate tenazmente o mundanismo dentro da igreja. Infelizmente, muitos em nosso meio se recusam a ecoar as palavras das nossas principais autoridades, preferindo fazer ressoar aqui e ali as palavras de alguns mais condescendentes. A sacudidura que está para vir (e cremos que já está se avolumando) dará um jeito em tudo isso; aguardem e verão.
Quando ao uso da autoridade por parte dos nossos líderes, é preciso deixar uma coisa bem clara: A Igreja Adventista do Sétimo Dia é a igreja da profecia, é a igreja remanescente, é a igreja visível que faz parte da grande igreja invisível que estará "em pé na presença do Filho do homem". Porém, ser líder na igreja não é ser ditador. As coisas devem ser feitas com prudência para que, "ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele". Mateus 13:29. Nossos líderes são homens de DEUS e sabem que, embora essas coisas desagradem a DEUS, não devem exercer domínio áspero e arbitrário para mudar pela força algo que existe por nossa própria culpa. Sim, a culpa de tudo isso é minha e sua.
Vamos refletir: Os israelitas, no deserto, queriam carne e chegaram a chorar de "saudades" das panelas do Egito. DEUS não queria que eles comessem aquilo, mas, como eles firmaram sua posição querendo o erro, Ele mesmo lhes enviou as codornizes; e alguns comeram até sair pelos narizes (Números 11). JESUS mesmo esclareceu que muitas coisas acontecem "por causa da dureza dos vossos corações" (Mateus 19:8), mesmo DEUS se desagradando com isso. Porém, sempre pagamos o preço pelas nossas escolhas erradas.
Nós somos os culpados. Nós vamos assistir aos "shows" que alguns cantores e grupos fazem, nós compramos os seus CDs e nós deixamos de divulgar a verdade como está escrita, para "não ferir" aos não convertidos, ainda que para isso massacremos a consciência daqueles que se esforçam pela mudança em suas próprias vidas. Nós nos omitimos quando deveríamos mostrar de que lado estamos - e para isto não é preciso rotular pessoas, da mesma forma que não estamos citando nomes aqui.
Sendo omissos, tolerando ou mesmo apoiando o erro não o fazemos menos condenável; apenas causamos um estado de coisas que limita nossos líderes de agirem com mais firmeza, para não arrancar o trigo juntamente com o joio (Mateus 13:29). Não é difícil estabelecer regras de conduta quando todos pensam semelhantemente; mas, exigir fidelidade quando a maioria prefere a infidelidade e usa todas as desculpas possíveis para continuar a agir como quer não é tarefa das mais fáceis.
Considere então a questão levantada pelo título desde artigo: Será que podemos evitar os escândalos? Sim, no que depende de nós, desde que saibamos permanecer do lado certo e "firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus" (Educação, pag. 57).
Vinte e cinco anos atrás, quando a banda de rock do vídeo lançou o citado disco, nossas músicas eram bem mais "quadradas". Hoje são mais "redondas", "descem redondo" pelas gargantas e pelos ouvidos dos não convertidos e já ficou claro que elas serão uma das causas da sacudidura dentro da igreja.
Qual a diferença entre a música "O Adventista", da banda de rock "Camisa de Vênus" e algumas das canções de alguns dos nossos grupos e cantores?
Em alguns aspectos, não é tão grande assim: Ambas falam "eu acredito"; mas até "os demônios crêem" Tiago 2:19. Ambas se consideram uma mensagem de amor (ou um protesto pela falta dele), mas estão muito longe do "se Me amais, guardareis os Meus mandamentos". João 14:15. Em ambos os casos, o ritmo é popular, os acompanhamentos ruidosos, a aparência pessoal de todos é a mesma, os cantores gritam, os fãs aplaudem e os demônios ficam satisfeitos.
O que falta para que vejamos uma apresentação totalmente idêntica à música da banda de rock anteriormente citada em nossas igrejas? Se a sacudidura demorar mais para mudar as coisas que hoje vemos, basta o tempo passar; seguindo nosso padrão atual de condescendência, é preciso apenas tempo para vermos coisas iguais ou piores ainda. Hoje já vemos coisas que nossos pais jamais imaginariam que veríamos em nosso meio.
Uma última reflexão: O relatório da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia deste ano mostrou que entraram para o rol de membros da igreja nos últimos 5 anos 5.563.377 pessoas; mas, em contrapartida, perdemos 2.983.905 membros. Em relação a esses novos membros, o número dos que ficaram (2.579.472 pessoas) é significativamente menor do que a quantidade dos que saíram (esses números são de dados oficiais da igreja). Você acha que a estabilidade espiritual da maioria dessas pessoas que ficaram é tão superior assim à das pessoas que saíram?
A nossa conformidade com o mundo traz para dentro da igreja pessoas despreparadas e descomprometidas com DEUS, pessoas que serão capazes de sair da igreja tão facilmente quanto entraram, seja pela apostasia ou pelo envolvimento com dissidentes. Pregar um evangelho de estilo popular não pode salvar. "A conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo. A familiaridade com o pecado inevitavelmente o fará parecer menos repelente. Aquele que prefere associar-se aos servos de Satanás, logo deixará de temer o senhor deles". O Grande Conflito, pág. 509. Não podemos receber a tão esperada Chuva Serôdia enquanto estivermos comprometidos com o mundo.
Ao vermos a popularidade que tem alcançado alguns dos nossos cantores no meio secular, se nos lembrarmos do alerta de Paulo a Timóteo: "todos os que quiserem viver piedosamente em CRISTO padecerão perseguições" (2 Timóteo 3:12). Precisamos entender que, se a Bíblia está correta (e sabemos que está) quando a perseguição é trocada por popularidade, algo está muito errado.
Decida-se hoje: Quero ser diferente, quero fazer a diferença, quero agradar a DEUS sobre todas as coisas; "eu e minha casa serviremos ao SENHOR" e deixaremos bem claro de que lado estamos.
Que DEUS nos abençoe para tanto.
Medite sobre isto:
"Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do 3º anjo, mas não a tem santificada pela obediência à verdade, abandona a sua posição, passando para as fileiras do adversário. Unindo-se ao mundo e participando de seu espírito, chegarão a ver as coisas quase sob a mesma luz, e vindo a prova, estarão prontos a escolher o lado fácil e popular." - O Grande Conflito, pág. 614.
Medite nas palavras deste hino dos Arautos do Rei.
"O grande derramamento do ESPÍRITO de DEUS, o qual ilumina a Terra toda com Sua glória, não ocorrerá sem que tenhamos um povo esclarecido, que conheça por experiência o que representa ser cooperador de DEUS. Quando tivermos uma consagração completa, de todo o coração, ao serviço de CRISTO, DEUS reconhecerá esse fato mediante um derramamento, sem medida, de Seu ESPÍRITO; mas isso não acontecerá enquanto a maior parte dos membros da igreja não forem cooperadores de DEUS". - Serviço Cristão, p. 253.