A nossa história começa há muitos anos atrás, com um garoto de uns
6 anos de idade, aproximadamente. Filho único de um casal humilde,
seu pai tocava alguns instrumentos, entre eles o acordeão (sanfona).
Embora sempre tocando somente hinos e dentro de casa, as "músicas"
do nosso irmão eram apreciadas pelos vizinhos, que já estavam
acostumados a ouvi-lo meio à distância.
Um dia, uma senhora idosa que morava precisamente na casa ou lado
da família da nossa história resolveu divertir-se um pouco juntamente
com eles mostrando-lhes algo que possuía e estava guardado havia um
bom tempo: um pequeno acordeão de apenas 8 (oito) baixos. Comparados
com os que o pai do nosso garoto costumava tocar, com 80 ou 120 baixos,
parecia um brinquedo; e talvez fosse essa a intenção dos fabricantes
daquela miniatura. Todos se divertiram muito com aqueles momentos,
vendo aquela "coisinha" que tocava de verdade, mas que ficava o
tempo todo no guarda-roupas, pois ninguém da casa sabia tocar.
Só que aquele acordeão "anão" despertou a atenção do garotinho,
que começou a achar que poderia ser divertido aprender música e tocar
como o pai.
Alguns dias depois, tendo já confirmado o interesse do menino e não
sabendo onde poderia adquirir um mini acordeão como aquele, o pai
foi conversar com a vizinha a respeito e, para alegria do garoto, ela
demonstrou interesse em vender a sua "relíquia". Foi grande o entusiasmo
do menino quando se sentou ao lado do pai pela primeira vez, cada um
com seu acordeão.
Mas, como as coisas nem sempre são tão fáceis como parece, depois de
algum tempo aprendendo, e começando a ficar enjoado daquilo, o garoto
começou a "esfriar" em seu interesse pela música. O tempo foi passando,
ele acabou parando de aprender, o acordeão virou acessório de "guarda-roupas"
novamente até que, nalgum ponto da história, o acordeão acabou sendo vendido,
pois não estava mesmo servindo para nada. Porém, o menino havia começado
a aprender música, e as conseqüências disso começariam a aparecer com o tempo.
Sabem como acontecem essas coisa, na vida, pela providência divina? Coisas que
parecem sem importância, um dia...
Raramente os pais do garoto podiam gastar algum dinheiro com ele e era
preciso economia para o presente de aniversário ou algo assim. Não
era toda hora que o pequeno ganhava algo. Como os presentes eram raros,
os pais costumavam deixar que ele mesmo escolhesse o que queria, e tinha
que ser barato, ou não daria para comprar; teria que ser coisa com preço
mais ou menos equivalente a um quebra-cabeças.
Não sei se foi no aniversário ou no dia das crianças, mas o fato é que
havia chegado o dia de o pequeno escolher um presentinho numa pequena
loja. Sabem como seria a estória, nalgum conto de fadas, se uma pessoa
pudesse realizar três desejos? O garoto se sentia meio assim, mas era
apenas um e não podia ser caro. Resultado: não adiantaria nada a mãe levá-lo
para escolher o presente se estivesse com pressa; ele demoraria a tarde
toda para escolher! Também, não poderia haver erro, senão... Sabe-se lá
quando daria para tentar novamente! O pequeno já havia dado algumas "cabeçadas", comprando quebra-cabeças
e coisas do tipo em outras ocasiões. O problema é que a maioria dos
brinquedos acabava ficando meio sem graça com o passar do tempo...
Naquela ocasião em questão, depois de ficar muito tempo "estudando"
os brinquedos em frente à vitrine para escolher um que pudesse ter graça
por mais tempo, por alguma estranha razão ele acabou escolhendo um pequeno
xilofone de 8 teclas. Um mini-brinquedo com notas musicais; vai entender!
Mas, afinal de contas ele já sabia ler notas musicais, apesar de ainda
ser bem pequeno... E lá se foi ele com o brinquedo para a casa, para tirar
o sossego dos pais com aquele barulho irritante! "Bling", "bling", "bling", ...
fazer o que?!?!
O inexplicável é que a "criaturinha" começou a levar o brinquedo a sério.
Montou até um caderninho de música com suas "versões" dos hinos do hinário.
"Versões" porque o brinquedo não tinha o equivalente às "teclas pretas" e
por isso tinha que ser tudo em escala de dó; para não lembrar que só haviam 8 teclas.
Não demorou muito para que o pequeno começasse a sonhar com a possibilidade
de poder tocar mais hinos e melhor. Se tivesse mais teclas...
O tempo passou e, no ano seguinte, provavelmente, quando estava chegando o
dia de escolher um outro presente, ele começou a "apelar" aos pais para que
tentassem caprichar um pouco mais na verba, pois ele gostaria de poder ter um
xilofone maior, que daria até para tocar na igreja, o qual ele havia visto
com a mãe quando haviam passado em frente a uma certa loja. Embora bem mais
caro, o fato é que a bênção veio e lá estava ele com o novo xilofone
nas mãos!
O garoto cumpriu o que havia prometido e, sem que ninguém pudesse imaginar,
a não ser os pais que tiveram que agüentar o "tormento" dos seus ensaios
diários, o dia de tocar na igreja pela primeira vez chegou.
O menino era querido pelos irmãos, por isso, quando pediu para ter uma
participação no JA (Liga de Jovens, naquele tempo) ninguém nem se preocupou
em perguntar o que ele pretendia. O pior é que, justamente naquele dia,
os irmãos iriam fazer o programa fora, em outra igreja... mas,
que diferença faria?! Ele e os pais foram também.
Chegando a hora o diretor de jovens chamou o garoto, ainda
sem saber o que o mesmo iria fazer. O pequeno foi até a frente, sentou-se
numa cadeira, colocou o xilofone no colo e começou a tocar "com as duas
mãos"! Daí a pouco alguns já estavam cantarolando junto: "glória, glória,
aleluia, glória, glória, aleluia..." E deu certo! O garotinho havia
ensaiado tanto que nem saia nota errada! O pessoal gostou tanto que
começaram a pedir para ele tocar em outros programas. E ele, sentindo
a responsabilidade, cada vez estava com um hino novo bem decorado!
Do xilofone ele passou para a flauta doce e da flauta para o violão...
e foi indo... Entre os 16 e os 17 anos de idade o "menino maluquinho"
foi um dos pianistas da igreja, diretor de música e regente do coral,
até antes de ser chamado para trabalhar como obreiro bíblico em outro
distrito! Dá para acreditar? Mas a nossa história avançou muito depressa;
vamos voltar um pouco!
Quando, aos 10 ou 11 anos de idade mais ou menos, o pequeno "doido varrido"
começou a revirar os discos da família e não parou mais, as coisas ficaram
muito piores! Ele não entendia nada de formação de grupos vocais, mas
resolveu formar um quarteto!!! Dá para acreditar?!?! Conseguiu reunir
uns 4 ou 5 juvenis que "caíram" na conversa dele, não sei se porque
acreditaram que daria certo ou porque não tinham nada melhor para fazer,
mas, algumas vezes, era possível ver os 4... não, 5... não, agora eram só
3... não, são 4 de novo... bem... eles ficavam pelo quintal da igreja
cantando hinos do hinário, na esperança que, de tanto cantar, um dia
poderia ficar tão bonito quanto um quarteto desses que têm disco gravado...
aí daria para cantar na igreja! Depois de algum tempo ele resolveu fazer
mais algumas perguntas para o pai e descobriu que era preciso cantar em
vozes separadas, diferentes, como as notas do hinário que eram tocada ao
mesmo tempo no acordeão ou no xilofone, senão não daria certo...
Mais essa!!! É, um dia dá certo...
Não sei exatamente quando foi, mas, por alguma razão que nem ele mesmo sabe
direito, deu vontade no rapazinho, já com uns 13 anos de idade, de pedir uma
oportunidade para cantar num conjunto misto, daqueles formados por irmãos
bem humildes mas que se esforçam tanto que os anjos cantam juntos! Não sei
o porquê, mas os "malucos" o receberam e à sua mãe para fazerem parte do
grupo, pois os dois sempre saiam juntos. A mãe até que cantava um pouco,
mas o mocinho... como dava trabalho! Tinha dia em que o ensaio até parava
por causa dele! Coitado!
Sabe, aquela idéia de formar um quarteto? Ele não havia tirado aquela
"bobagem" da cabeça, não! Tentou de novo, e o que é pior, com alguns
adultos do conjunto. Resumindo a história, 2 das pessoas que se aventuraram
a participar da "brincadeira" acabaram contagiadas pelo esforço do "doido"
e até toparam cantar num JA. Um deles não teve coragem e deu um jeito de
"arrumar um compromisso" na última hora! De quarteto, na "hora H", tinha
ficado só um trio mas os outros dois não tiveram coragem
de "pular fora".
Primeira apresentação... Ninguém foi parar o hospital, o que já é alguma
coisa. Não adianta nem querer saber se estava bom, pois ninguém fala a
verdade nessas horas! O melhor que alguns podem fazer é elogiar o "esforço"
e dizer que prossigam, sabem como é... Com o passar do tempo, o quarteto
foi "pegando o jeito", melhorando, melhorando...
Mas, a história ainda não acabou. O rapazinho, ninguém sabe exatamente
o porquê, acabou assumindo o compromisso de cantar um solo numa
Escola Sabatina. Nem o pai resistiu àquela prova de fogo!!! Antes
do dia em que a "catástrofe" deveria acontecer, chamou o filho e
lhe disse: "Filho, você vai me desculpar, mas, quando for cantar,
eu vou sair de dentro da igreja para não passar vergonha junto com
você...!" Parece uma tremenda crueldade, não acham? Mas, não foi
bem isso, não. O pai já tinha ouvido o rapazinho cantar em casa,
muitas vezes, e sabia o que poderia acontecer! Ele só queria poder,
de alguma maneira, poupar o filho do "sofrimento".
O que o pai não sabia é que o filho estava treinando a voz,
sem parar, como um completo maluco, todos os dias!!!
Gravava a própria voz num gravadorzinho pequeno, ouvia,
cantava de novo um pouco diferente e gravava, ouvia, ficava
com raiva do que ouvia, fazia tudo de novo... Ele "respirava"
ensaios TODOS OS DIAS, SEMANA APÓS SEMANA...
a mãe que o diga! Era ela quem agüentava a "tortura" dentro
de casa; o pai não estava presente para ser "testemunha do ocorrido",
pois trabalhava no mesmo horário, e nem sabia do que estava
acontecendo. O "maluco adolescente" chegou até a improvisar um
play-back gravando só o violão, para ficar melhor e em seu
próprio tom de voz.
Sabem o que aconteceu? O dia fatídico chegou! Nove e meia da manhã,
mais ou menos, o seu pai em qualquer lugar da igreja, pois era um dos
diáconos... Só quando estava na segunda estrofe o rapaz notou que o pai,
se é que tinha saído da igreja, já tinha entrado novamente. É...
Por incrível que possa parecer, o resultado não foi tão ruim! O segredo
do rapaz sempre foi se esforçar ao máximo e ainda um pouco mais.
O mais importante, é claro, a verdadeira razão do sucesso é que Ele
sempre buscou o auxílio divino.
Ele acabou se tornando um músico profissional e passou, com o tempo,
a trabalhar com gravações musicais. Muito, muito tempo depois, ele
já estava com um excelente quarteto e com os preparativos bem
adiantados para a gravação de um CD. Só que alguns imprevistos
sérios, como um problema de saúde com um dos componentes, aliado a
algumas dificuldade de trabalho, fariam com que o quarteto
tivesse que parar por algum tempo e seria impossível
realizar a gravação. O problema é que os compromissos
assumidos não poderiam esperar ou as coisas iriam ficar muito
complicadas.
Naquela ocasião o nosso irmão, já casado e com família formada,
estava reunindo mais materiais, como sempre fez, e reciclando seus
conhecimentos musicais. Ele estava fazendo um estudo com alguns
materiais que haviam sido produzidos na França e que tratavam de
técnicas que permitiriam que uma pessoa pudesse exceder os limites
de sua voz em termos de alcance de notas. A técnica seria
consideravelmente perigosa, pois, mal aplicada, poderia causar
danos às cordas vocais.
Um dia ele estava no estúdio fazendo alguns trabalhos quando alguém
teve a estranha idéia de que ele deveria tentar, só por brincadeira,
gravar as quatro vozes de um hino, como se fosse um quarteto. Aquele
estúdio já era totalmente digital, o que possibilitaria uma mixagem bem
melhor. Mas, afinal, como era só por brincadeira... E ele gravou um dos
hinos que o quarteto deveria ter gravado.
A providência divina estava em ação e os resultados acabaram
causando euforia entre as pessoas que ouviram aquela gravação
que havia sido feita por "brincadeira". Tinha ficado muito melhor
do que eles imaginaram! Ele havia gravado não 4 vozes, mas 36
(trinta e seis): 9 primeiros tenores, 9 segundos tenores, 9 barítonos
e 9 baixos. Depois de tudo mixado, eis o resultado: surpresa geral.
Por providência divina, um baixo que antes não conseguia sequer cantar o
barítono sem apelar para o falsete havia gravado até o primeiro tenor!
E o CD foi todo gravado.
Já faz vários anos que isso aconteceu e o CD da nossa história
é o Louvemos o Rei, do qual você deve ter ouvido alguns trechos
antes de chegar a esta página. E o nome do "maluco" da nossa história?
Isso não é importante. O importante é a mensagem que o nosso irmão
quis inserir aqui, logo abaixo, após ter sido contado um pouco
da sua história:
"Se DEUS pôde me ajudar a cantar e a alcançar o que eu próprio julgaria
impossível, Ele pode ajudar você a fazer coisas muito maiores. Basta que
você creia que DEUS vai te ajudar a conseguir e lute com todas as suas forças
para alcançar os melhores resultados. E nunca diga que já está bom, pois você
sempre poderá melhorar muito e nosso Pai do Céu merece o melhor.
"Aproveito para citar alguns textos interessantíssimos do Espírito de
Profecia: 'Querida juventude, qual é o alvo e propósito de vossa vida?
Tendes a ambição de educar-vos para poderdes ter nome e posição no mundo?
Tendes pensamentos que não ousais exprimir, de poderdes um dia alcançar
as alturas da grandeza intelectual; de poderdes assentar-vos em conselhos
deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a
nação? Nada há de errado nessas aspirações. Podeis, cada um de vós,
estabelecer um alvo. Não vos deveis contentar com realizações mesquinhas.
Aspirai à altura, e não vos poupeis trabalhos para alcançá-la.'
Fundamentos da Educação Cristã, pág. 82.
"'Muitos a quem Deus capacitou para fazer trabalho excelente, pouco
conseguem, porque pouco empreendem. Milhares passam esta vida como se
não tivessem alvo definido pelo qual viver, nem norma para alcançar.
Os tais receberão recompensa proporcional às suas obras.
"'Lembrai-vos de que nunca alcançareis mais elevada norma que a que vos
propuserdes. Fixai pois alto vosso alvo e passo a passo, embora com
esforços dolorosos, abnegação e sacrifício, subi até ao topo a escada
do progresso. Que nada vos impeça. O destino não teceu tão firmemente
suas malhas ao redor de qualquer homem, que precisasse permanecer
desamparado e na incerteza. Circunstâncias adversas devem criar a firme
determinação de vencê-las. A transposição de um obstáculo dará maior
capacidade e ânimo para avançar. Insisti com resolução na direção correta,
e então as circunstâncias serão vossas auxiliares, não empecilhos.'
Mensagens aos Jovens, págs. 99 e 100.
"Meus irmão, acreditem que DEUS poderá usá-los para fazer uma grande
obra e assim será. Tudo o que aconteceu comigo e que foi relatado acima
é verdade. Minha voz causava insegurança e preocupação em meu próprio
pai, e ele tinha motivos para isso!
"Ninguém pode negar que o SENHOR atuou em meu favor. ELe fará muito
mais por você, se você Lhe der uma chance de mostrar que é DEUS. Acredite!
Mas não se esqueça: o limite dos esforços que você puder fazer ainda
será pouco; você nunca estará realmente "bom" e sempre poderá melhorar.
Nosso Pai do Céu merece coisa muito melhor, por isso não poupe esforços.
Quando você tiver feito tudo o que é possível, dê um jeito para que
seja apenas o começo. Nosso Pai do Céu vai te ajudar!
"Faça a sua parte para que os milagres aconteçam em sua vida:
Creia, confie e se esforce. O resto é por conta do nosso Grande DEUS.
O que Ele fez e tem feito em minha vida prova que é possível.
Experimente!"
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